segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Roland Corbisier (1914-2005). Foi um filósofo brasileiro. Foi um dos fundadores e o primeiro diretor do ISEB ( Instituto Superior de Estudos Brasileiros). Proferiu várias conferências e estudos sobre o pensamento de Hegel. O livro data do ano de 1959. Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Ministério da Educação e da Cultura. Rio de Janeiro.
Neste livro há várias pontos de discussão. Porém, quero trazer à tona uma idéia sobre a nossa formação que o autor expôs neste livro. Afirma ele que o Brasil não foi configurado em função dele mesmo, mas do exterior. O homem brasileiro não foi configurado por uma história e uma cultura próprias, mas por uma história e uma cultura estranhas. Estivemos sempre voltados para fora, para o exterior, em função de cujos interesses e valores sempre vivemos. O que havia de próprio no brasileiro era o alheio.
Afirma que a alienação é parte constituinte da cultura. A alienação é a própria condição dessas culturas.
A colônia é organizada para funcionar como  instrumento da nação colonizadora. E nisso, diz o autor, há uma intensa exportação e importação não só de mercadorias, mas também de valores, categorias, hábitos e formas de vida. Pois a relação que se estabelece, segundo Corbisier, é a relação entre Colonizado/Colonizador; Dominado/Dominador. 
Corbesier estabelece com isso um paralelo: Plano econômico e Plano cultural. Diz: Assim como, no plano econômico, a colônia exporta matéria-prima e importa produto acabado, assim também, no plano cultural, a colônia é material etnográfico que vive da importação do produto cultural fabricado no exterior. Ora, produzir matéria-prima é produzir o não ser, a mera virtualidade, a mera possibilidade de ser, aquilo que virá a ser quando for transformado pelos outros, quando receber a forma que os outros lhe imprimirem. Importar o produto acabado é importar o ser, a forma, que encarna e reflete a cosmovisão daqueles que a produziram.
Exportamos o não ser e importamos o ser.  Contemplamos e especulamos sobre o que nos é alheio. 
O nosso problema constitui, portanto, pensar a própria formação, voltar os olhos, de fato, à realidade que nos cerca.

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